Minha mãe, meu pai, minha irmã, minha tia e vários amigos me diziam que eu deveria ser professor. Nos últimos anos, eles desistiram, visto minhas escolhas profissionais. Eu sempre amei a comunicação e o estudo, que são partes fundamentais do ensino. Ao mesmo tempo, porém, sempre amei ter um impacto socioambiental positivo. Não que o ensino não tenha, mas sempre pensei que me sentiria frustrado apenas ensinando em uma escola ou universidade.
Assim, decidi trabalhar por seis anos na Greenpeace, a famosa organização sem fins lucrativos e não governamental que há cinquenta anos luta para defender a natureza do colapso humano. Além do ativismo, sempre senti um estímulo ao empreendedorismo. Desde criança, amava criar e vender objetos. Depois de estudar economia e gestão de empresas e entender que não queria trabalhar em uma que só busca maximizar os lucros, sem pensar no bem das pessoas e do ambiente, fundei minhas próprias empresas. Minha última empresa é a Realixo, que sinto ser a síntese de todas as minhas experiências passadas, aquela que conecta os pontos, como diz Steve Jobs no famoso discurso na Stanford University (veja o vídeo aqui).
Entre os serviços que oferecemos, está o de dar palestras em escolas e empresas. Ontem, estive em um Centro de Crianças e Adolescentes (CCA), que curiosamente se chama “Italianos” (eu nasci e cresci na Itália). Ontem, assim que entrei no grande jardim da escola, me lembrei da minha infância feliz na escola em Roma que frequentava quando criança. E senti um desejo: passar algumas horas toda semana ensinando nas escolas.
Dei uma palestra de duas horas para um público de 30 crianças e adolescentes entre 9 e 13 anos. Tenho a vantagem de ter um forte sotaque italiano, que cria curiosidade imediata entre as crianças. A primeira pergunta que fiz a eles foi: o que é um lixo, segundo vocês? E eles sabiam bem, já que vivem em uma área de São Paulo (Barra Funda), cheia de resíduos abandonados nas calçadas e ruas. Mas também sabiam do ponto de vista intelectual, dando definições corretas e inteligentes. Fazendo uma síntese das várias respostas, as crianças disseram: o lixo são aquelas coisas que descartamos porque não têm mais utilidade para nós.
Ensinei a eles a diferença, que aprendi apenas quando adulto, entre lixo e resíduos. O primeiro são materiais que não podem mais ter utilidade, enquanto o segundo são materiais que podem ter alguma utilidade.
Perguntei a eles por que jogar um lixo na rua, em um rio, no mar ou na praia é perigoso para o meio ambiente. Entre as razões que mais tocaram seus corações está o amor que têm pelos animais e a compreensão (que expliquei com exemplos concretos e visuais) de como os resíduos no ambiente são perigosos para os animais. Também expliquei que jogar lixo na rua é uma das causas das enchentes que ocorrem nas cidades. As crianças da palestra de ontem vivem em comunidades de baixa renda e muitos deles já passaram pela experiência de ter suas casas alagadas durante uma enchente. Suas histórias me comoveram. Pedi que me fizessem uma promessa: nunca mais jogar lixo na rua ou na natureza. Todos prometeram que não fariam. Pelo desenho que deram a Bianca, que estava comigo na escola, depois da palestra, entendi que a mensagem chegou forte e clara!
Um dos objetivos que tenho nas palestras que ofereço em escolas e empresas é comunicar a importância da separação dos resíduos em três partes: orgânicos, recicláveis e rejeitos.
Depois de mais de meia hora de aula, apesar de muitas perguntas para interagir com eles, as crianças começaram a ficar sonolentas ou inquietas para se movimentar. Sei bem disso, por isso em nossas palestras sempre há várias partes práticas em que crianças e adultos se movem e usam o corpo. Dividi-os em quatro grupos, cada um com um capitão a quem demos luvas. Cada grupo tinha várias crianças, que tinham a tarefa de separar alguns resíduos nas três partes que expliquei. Como as crianças aprendem rápido!
Depois de cinco minutos, analisamos a separação e expliquei a eles que alguns tipos de plástico não são recicláveis, apesar de a maioria das pessoas pensar que são! Um exemplo são os copos descartáveis de plástico PS. Como muitos outros tipos de plástico, são recicláveis, mas pouco reciclados, pela falta de interesse econômico por parte da indústria da reciclagem.
Depois dessa parte, a que mais os apaixonou: a apresentação da composteira caseira com as minhocas e o plantio das mudas!
Existem vários tipos de composteiras (você pode saber mais neste artigo). A mais comum nas casas dos brasileiros é o minhocário. Como o próprio nome diz, chama-se assim pela presença abundante de minhocas, que aceleram o processo de compostagem. Como sabemos bem de todas as palestras e formações que damos, há pessoas que amam esses pequenos seres, e outras que têm nojo. A maioria das crianças de ontem se divertiu muito pegando-os nas mãos e observando-os se mover. Acho que as minhocas ficaram mais estressadas do que o usual ontem, mas já estão acostumadas!
No final das quase duas horas de palestra, plantamos 25 plantas aromáticas daquele que, na minha opinião, é um paraíso na cidade grande: Sabor de Fazenda, um viveiro de mudas orgânicas. É sempre bom para mim notar que até as crianças mais tímidas e silenciosas durante a parte teórica em sala, nas partes práticas e ao ar livre, participam e se interessam. No final, quase todos plantaram uma mudinha e continuariam se não fosse pelo fato de que as mudas acabaram e o almoço estava pronto.
Emocionante também foi o momento quando uma menina nos trouxe uma caixa cheia de resíduos que ela encontrou no chão e que estavam abandonados há muito tempo nesse espaço que antes era uma horta e que, com nossa ação, começamos a regenerar. Vendo esse espaço, imaginamos novamente a horta ativa e também um pátio de compostagem de pequenas dimensões para transformar os restos de alimentos da cozinha e as folhas do jardim em adubo.
Já conversamos sobre isso com os funcionários do Centro para Crianças e Adolescentes, que ficaram entusiasmados. Se você também quer dar um destino correto aos resíduos orgânicos da sua casa, empresa ou evento, entre em contato conosco!
Saindo, vimos esta frase pintada na parede e lembramos do nosso sonho.
Se você não sabe qual é o nosso sonho, visite nossa página inicial: https://realixo.com.br/
Autor: Andrea M. Lehner, fundador da Realixo
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