Uma salada, uma droga

No nosso encontro com os queridos, Sol Crespo (@solcrespoyoga) e Murilo Bizolo (@murilobizolo), falamos um pouco sobre como manter uma vida harmoniosa e, consequentemente, uma mente mais equilibrada, sem tanta cobrança, que se permite viver e sentir tudo que é necessário para nossa existência. Afinal, embora busquemos a espiritualidade e calmaria, somos seres terrestres dentro de uma Matrix e nada está sob nosso controle, além da nossa mente.

A busca incessante sobre autoconhecimento e paz de espírito está fazendo com que algumas pessoas se percam dentro da própria jornada e se culpem por não alcançar com maestria objetivos auto impostos na cabeça de cada um. Comprando a ideia de que “têm que isso” ou “tem que aquilo” quando, na verdade, ninguém “tem que” nada nessa vida. 

Evoluir é um processo e não um compromisso com hora e data marcada, cada um está dentro do seu caminho e ele acontece como deve ser, o importante é deixarmos que esta jornada seja leve e segura, sabendo que cada vez que firmamos o pé, o Universo todo se move para nós. 

Estender o chão e viver na confiança é extremamente reconfortante, confiar nos nossos instintos e na nossa intuição nos leva para lugares antes inimagináveis, não precisamos sair buscando loucamente por uma resposta que está dentro de nós, basta silenciarmos e nos ouvirmos. Sem pressa, sem tabu, sem trauma ou preconceito.

Não acredite que entrar no caminho da espiritualidade te inibe de ser quem você é ou que desfrutar de alguns prazeres da Terra é uma ideia completamente distinta de tudo que estamos buscando. É preciso autodesenvolvimento e conhecimento para aceitar que temos anjos e demônios, saladas e drogas dentro da gente.

Quando usamos o termo “uma salada, uma droga” estamos falando sobre polaridades de uma forma amena, como comida saudável e junk food, meditação e barulho, yoga e festa, mantra e funk e por aí vai… Dos muitos benefícios que temos quando nos conhecemos, talvez esse seja o maior deles: o equilíbrio. Transitar entre dois mundos sem se culpar, sem desesperançar e sobretudo, sem se julgar. Não tem nada de errado mantermos uma rotina de meditação e yoga, acender um incenso, expressar gratidão, enquanto dança funk. Não existe regra e aí consiste a beleza da vida, poder ser e fazer o que quisermos, sem medo do que vão pensar.

As leituras não precisam ser apenas sobre autoconhecimento, a vida é uma escola e ter nossos intervalos é necessário.

Nós vamos aprendendo, acalmando, se conhecendo, aprendendo a respeitar e a impor nossos limites e a nos amar do jeito que nós somos, sem responsabilizar o outro sobre nossas frustrações e sem nos culpar. O aprendizado e o conhecimento se dão no silêncio, mas podemos ter um pouco de barulho, sem ele o silêncio não existe. A natureza daquilo que somos e do que estamos nos tornando não nos abandona, é preciso parar de nos ajustarmos para que o outro se sinta satisfeito. 

Reconhecer que somos seres precisos e ao mesmo tempo insignificantes facilita nosso processo de acreditar que precisamos seguir uma conduta perfeita para sermos vistos pelos outros como aquele que encontrou a iluminação. Isso não é real! Há uma tormenta no ar de que todos precisam ter um lugar de significância e alguns de nós acreditam que esse lugar é em postura de meditação e em silêncio, o que pode ser real, mas não é uma regra. Se for, que encantador desfrutar disso!

Não precisamos fazer coisas e levantar bandeiras, eu sei que todo mundo quer mudar ou fazer a diferença, mas as vezes ser quem a gente é de verdade, vivendo tudo aquilo que a gente acredita, já é uma ajuda enorme para aqueles que estão ao nosso redor e que, de certa forma, se espelham em algo que fazemos. Ninguém precisa andar na extremidade, mas sim saber quando é preciso ser salada ou quando é necessário um pouco de droga.

Ambos os lados se complementam entre si e auxiliam em um crescimento exponencial, se feito com sabedoria, mas não podemos negar que o caminho da salada é um caminho mais verde e mais limpo, não digo isso mentalmente apenas, mas ecologicamente também. Quando vivemos mais no caminho da salada, do autoconhecimento, da auto observação, aprendemos a nos ouvir, ouvir nossa alma e nosso corpo e quanto mais ouvimos nosso corpo, mais damos a ele energia para que ele se mantenha vivo de forma saudável. Viver de forma saudável é respeitar os limites do corpo se movimentando e nutrindo nosso templo com amor e respeito. Olhar para um prato de comida e ver nele toda a existência da terra, materializar o respeito pela natureza em tudo que colocamos no nosso prato, no nosso corpo, na nossa casa e na nossa vida, isso é amor. A salada trás uma consciência ambiental de forma leve, ela nos conecta com a natureza e nos ensina sobre respeito, a gente aprende que todas as nossas escolhas têm uma consequência ambiental e aprendemos a lidar com isso, a salada é uma escola. A droga também é, ela nos ensina que aquele momento de fuga é importante, mas que não é nossa morada, o tempo vai passando e precisamos cada vez de menos droga. Ela pode ser o vício pela televisão, emoções mal resolvidas que viram comida. Aliás, quem aqui nunca comeu emoção? Isso sim é uma droga, a gente acaba perdendo o controle: come sem fome, sem presença, sem percepção e não é só a comida, é se trancar num universo de séries que não acaba nunca, no jogo, na bebida, nas festas… Não precisamos cortar essas coisas da nossa vida, mas saber quando entrar e quando sair é necessário. Se permitir sem se culpar. O excesso de droga machuca, escraviza, gera muito lixo, muito consumo, muito desperdício, excesso de compras, preocupação e acúmulo. É bom saber reconhecer quando a droga está dominando nossa salada.

Tudo é equilíbrio e com a vida não é diferente, você pode seguir o caminho que quiser, desde que haja consciência. O caminho do meio pode ser ainda mais abençoado e é por isso que nós da Realixo estamos aqui, para levar um pouco de salada sempre que possível, para recolher os resíduos da salada e da droga e mostrar que tudo aquilo que sobra não é lixo e que conseguimos dar um destino digno para todo o consumo, principalmente os excessos que a droga gera. 

Quer fazer parte dessa rede de pessoas dispostas a viver em um mundo sem lixo? Clique em FAÇA PARTE e faça a diferença.

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