Como os alimentos orgânicos de agricultura familiar ajudam a economia do Brasil?

Na matéria de hoje do Blog da Realixo, falamos sobre o assunto com Guilherme Maruxo, diretor e um dos fundadores do Sítio Sampa, uma horta urbana orgânica do Instituto Caju localizada no bairro do Jaguaré, em São Paulo.

A agricultura moderna, utilizada principalmente em grandes propriedades de produção de maior escala, não tem se mostrado um modelo sustentável, e a agricultura orgânica aparece como alternativa não só para colocar uma comida mais saudável na mesa dos brasileiros, mas também para preservar o planeta em um caminho de sustentabilidade econômica, social e ambiental.

A agricultura familiar e os desafios dos alimentos orgânicos no Brasil

Confira o bate-papo entre o nosso amigo jornalista Marcello de Vico e o Guilherme:

Marcello: Por que os alimentos orgânicos de agricultura familiar ajudam a economia do Brasil?

Guilherme: Os alimentos provenientes da agricultura familiar representam cerca de 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros. A saúde física e financeira, e a sustentabilidade dessa cadeia produtiva formada por famílias só é possível quando os alimentos são produzidos com o manejo agroecológico.

A rentabilidade e viabilidade da produção de alimentos não pode ser analisada no curto prazo. Terra é um ativo de longo prazo. Diversos estudos comprovam que o cultivo orgânico, no longo prazo, é mais econômico que o convencional. O cultivo orgânico mantém o solo vivo e assim reduz a necessidade de adubos e defensivos químicos. O Brasil é um país produtor de alimentos. É parte importante da economia e buscar produzir de forma orgânica não somente reduz a dependência de adubação química oriunda de outros países como mantém a terra produtiva, um ativo natural e essencial à economia brasileira.

Esses são benefícios diretos, mas se pensarmos a alimentação como política pública de promoção de saúde, uma população que consome alimentos orgânicos é um povo mais saudável, e isso tem um impacto enorme na redução de gastos com o sistema público e privado de saúde do país. E no cenário atual, onde novas pandemias podem ocorrer, este é um tema fundamental para a saúde econômica dos países.

Marcello: Hoje, qual a maior dificuldade encontrada pelos produtores de alimento orgânico?

Guilherme: Hoje as maiores dificuldades do produtor são o caro e ineficiente sistema logístico brasileiro baseado no modal rodoviário, os pontos de venda dominados por grandes empresas varejistas que trabalham com sistema de quebra e a falta de linhas de crédito de longo prazo e com juros reduzidos para os produtores orgânicos e familiares. A forma como os mercados varejistas operam é muito nociva. Como exemplo, se sou produtor de alface e entrego 100 alfaces para um grande supermercado, e ele vender 70 alfaces, irá me pagar somente 70 alfaces. Todo o risco fica com o produtor que já tem uma margem baixa e acaba desistindo de produzir quando já na receita tem 30% de perda. Esta chamada quebra e a estratégia comercial de se cobrar um preço elevado pelo produto orgânico, que não é repassado ao produtor, são motivos do preço alto para o consumidor.

Marcello: Além do custo mais elevado, quais outros fatores ainda impedem que o alimento orgânico esteja presente em maior quantidade na mesa dos brasileiros?

A cada dia a população perde a rica cultura alimentar que existia no Brasil. O prato do brasileiro a cada dia tem uma menor diversidade de alimentos e cada vez mais comida ultraprocessada. O ritmo de vida com longas jornadas de trabalho e grande tempo de deslocamento geram um ritmo de vida onde ter tempo para preparar o alimento se torna cada vez mais escasso, e a indústria do alimento explora isto criando alimentos de preparo rápido e com substâncias que agradam o paladar, mas não alimentam, criando um hábito de consumo nocivo. Um ponto importante a ser levantado é justamente esse. Falamos que o alimento orgânico custa mais caro, mas será que isto é verdade? Um estudo recente feito nos EUA comprovou que uma cenoura orgânica possui 50 vezes mais betacaroteno que uma cenoura plantada convencionalmente. Ou seja, você precisa consumir 50 vezes mais cenoura para obter a mesma quantidade de nutriente. Então, se olharmos os alimentos como se fossem embalagens, o quilo de nutrientes de um alimento orgânico é mais barato que o quilo de um alimento convencional.

Mais sobre o Sítio Sampa

O Sítio Sampa produz alimentos orgânicos com baixo custo ao consumidor final além de insumos e mudas que visam criar e dar suporte a outras hortas urbanas. O Sítio Sampa é também a primeira horta urbana onde são transformados os resíduos orgânicos dos clientes da Realixo em adubo através da compostagem. Descubra mais sobre o nosso serviço de coleta seletiva para a sua casa, empresa ou evento. 

Organização não governamental (ONG), o Sítio Sampa também faz formação profissional, desenvolve projetos culturais e educacionais que fortaleçam a cultura do alimento e conecta empresas, organizações sociais e pessoas físicas que defendem o direito à segurança alimentar à população menos beneficiada.

Autor: Marcello De Vico, jornalista, produtor de conteúdo, redator SEO

2 comentários em “Como os alimentos orgânicos de agricultura familiar ajudam a economia do Brasil?”

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